PSICOFLIX - A Série da Mente III

Episódio 3 - Como superar o fim...

Cartas na mesa, corações na mão... nada machuca tanto como a perda de quem se ama. Quando uma relação chega ao fim e exige a distância e separação, apegamo-nos a quaisquer resquícios de esperança que possa trazer o tal amor de volta e o conforto aos nossos corações.

Deixar ir embora quem ainda amamos e desapegar, é um processo lento e doloroso; uma via crucis que todos, mais cedo ou mais tarde, precisaremos atravessar. Nossas mentes são sempre levadas a pensar que tudo que vivemos é permanente e estável; quando na verdade, todas as coisas chegam ao fim, de uma forma ou de outra, cedo ou tarde.

No amor, essa promessa também é verdadeira, e quando precisamos encarar a finitude da relação, negamos sua existência e encaramos o fim como a catástrofe total, a dor irremediável, o apocalipse vivencial. Elaborar o luto de quem sai de nossas vidas requer processos importantes para sobrevivermos ao fim e alcançarmos a aceitação.

O tempo que se investe no outro, a expectativa de sonhos futuros, os sentimentos que se nutre, constituem um espaço psicológico, afetivo e existencial, que se torna preenchido e cheio de significados pela presença do outro. Portanto, quando o outro se vai, esta presença é arrancada de nós deixando-nos com um furo no peito, um vazio profundo e um sentimento lacunar em nossa história.

Nossas mentes passam a produzir pensamentos distorcidos que nos levam a acreditar que jamais encontraremos outro amor, outro ser especial, outro alguém que nos preencha; e que estaremos fadados à solidão e tristeza. Tais pensamentos produzem em nós emoções negativas, levando-nos a comportamentos disfuncionais e patológicos. Há quem se isole, ou entre em uma profunda depressão; há aqueles que passam a buscar preenchedores imediatos para este resultante vazio, que podem ser pessoas aleatórias, comportamentos compulsivos (comprar demais, trabalhar, beber, fumar, fazer uso de drogas, tomar remédios), ou até mesmo distrações sociais, redes sociais ou fuga da realidade.

O que não se percebe, neste último caso, é que o espaço voltado para o amor, só pode ser preenchido pelo amor, e nenhum outro afeto é capaz de substituí-lo. Portanto, os preenchedores imediatos são formas ineficazes de lidar com a perda. Não há fórmula mágica para lidar com esta dor, mas há uma única forma de superá-la, e ela se dá através do próprio sofrimento.

O melhor remédio para o coração partido é a não fuga, a não rejeição ou negação da dor, o não preenchedor imediato. A fórmula que deve ser prescrita, por mais masoquista que possa soar é: vá de encontro com a dor e o sofrimento, e abrace-os.

Durante o coração partido, não preencha este espaço; porém reflita sobre o que se foi e tudo que aquilo significou para você. Pense em tudo aquilo que aprendeu e onde possa ter falhado ou evoluído, guardando dentro de você simbolicamente, o significado desta relação.

Finalmente, aceite o que foi bom, o que não foi tão bom assim, e permita que o outro se vá. Aceite aquilo que viveu e também a finitude da relação. Olhe para o outro com compaixão e deixe-o ir. Todos os seres humanos estão em busca de satisfação, felicidade e bem-estar; mas cada um, busca de formas diferentes, em tempos, lugares e pessoas divergentes.

Agradeça pelo que foi e tire suas lições, encare a dor para curar-se, não fuja dela. Não tente distrair-se para não a sentir, ela estará dentro de você e te machucará até que você a permita se mostrar e depois ir embora. Dia após dia, a dor encarada, será amenizada pelo tempo e você poderá cuidar de si, para que depois da aceitação, você esteja novamente disponível em seu coração a um outro amor.

Use seu tempo para conhecer mais sobre você mesmo, conhecer o mundo, fazer coisas que aprecia, buscar mais conhecimento, fazer terapia, cuidar de seu amor próprio, até que você esteja novamente pronto para o amor. E quando ele chegar, você estará de braços e peito abertos para recebê-lo e permitir que ele adentre o cantinho de seu ser, que é destinado ao outro.